Translate

17 de março de 2013

Enquanto isso na Sala de Justiça...Virgo


Virgo
Avaliação: nota- 10,0

O hiato mais criativo da história.

Geralmente hiatos em carreiras musicais são sinônimos de ostracismo, produção nula ou pelo menos com um grau de qualidade bem questionável.
E quando no ano de 2000, André Matos deixou o Angra, havia uma grande incógnita sobre o futuro de sua carreira.
Só que antes de tomar de assalto o mundo do metal com sua nova banda – pelo menos na época -, o Shaman e o seu espetacular debut, “Ritual”, o maestro brasileiro se juntou a seu amigo de longa data, o alemão Sascha Paeth, já na época um dos produtores mais requisitados do mundo do rock pesado, para lançar este projeto que vinha sendo feito aos poucos em segredo.

Mas para quem esperava mais um disco de power-metal ou algo do tipo, foi surpreendido por uma coletânea de momentos mágicos da música, no qual os dois amigos usaram e abusaram de todas as suas influências. Tão diferente de tudo que foi feito na carreira dos dois até hoje, que certos fãs mais radicais de metal preferem simplesmente ignorar a sua existência.
Na época André deu entrevistas dizendo que o álbum era, sobretudo, regido pela influência que o Queen tinha na carreira de ambos, mas a verdade é que a sonoridade do Virgo, ainda que lembre a mítica banda britânica, consegue ter cara própria, e mostrar momentos que vão do blues e do jazz até o hard rock e o gospel, tudo junto e convivendo numa incrível harmonia.
Num caso como este, todos nós sabemos que apontar destaques é um problema muito sério, contudo, arrisco citar as seguintes faixas: a balada “No Need to Have An Answer”, uma das melhores composições da carreira de André; a contagiante “River”; e a cadenciada “Fiction”, uma música no melhor estilo Frank Sinatra, que conta com um momento raro, um dueto entre André e Sascha, que não se arriscava em algum tipo vocal desde o fim de sua banda o Heaven’s Gate.
As orquestrações do álbum ficaram a cargo não apenas de André, mas também de Miro Rodemberg, que conseguiu mostrar um trabalho bem diferente do que até então tinha apresentado no Rhapsody.
E como se isto fosse pouco, o Virgo ainda conta entre seus vários backing vocals com a atuação de uma certa cantora norte-americana chamada Amanda Somerville, na época ainda totalmente desconhecida do público, mas que pode ter sua voz facilmente reconhecida no coro final da faixa “ I Want To You Know".
Amanda Somerville
Por isto e muito mais, o que posso dizer é que este é um daqueles momentos raríssimos da história da música, que extrapola os limites dos estilos, e de todo e qualquer tipo de rótulo, tornando o Virgo um disco obrigatório para se ter em qualquer coleção, independente se você gosta ou não de rock.


por José Carlos Sandor.



Nenhum comentário:

Postar um comentário