Virgo
Avaliação: nota- 10,0
O hiato mais criativo
da história.
Geralmente hiatos em carreiras
musicais são sinônimos de ostracismo, produção nula ou pelo menos com um grau
de qualidade bem questionável.
E quando no ano de 2000, André
Matos deixou o Angra, havia uma grande incógnita sobre o futuro de sua
carreira.
Só que antes de tomar de assalto o mundo do metal com
sua nova banda – pelo menos na época -, o Shaman e o seu espetacular debut, “Ritual”, o maestro brasileiro se
juntou a seu amigo de longa data, o alemão Sascha Paeth, já na época um dos
produtores mais requisitados do mundo do rock pesado, para lançar este projeto
que vinha sendo feito aos poucos em segredo.
Mas para quem esperava mais um
disco de power-metal ou algo do tipo, foi surpreendido por uma coletânea de
momentos mágicos da música, no qual os dois amigos usaram e abusaram de todas
as suas influências. Tão diferente de tudo que foi feito na carreira dos dois
até hoje, que certos fãs mais radicais de metal preferem simplesmente ignorar a
sua existência.
Na época André deu entrevistas
dizendo que o álbum era, sobretudo, regido pela influência que o Queen tinha na
carreira de ambos, mas a verdade é que a sonoridade do Virgo, ainda que lembre
a mítica banda britânica, consegue ter cara própria, e mostrar momentos que vão
do blues e do jazz até o hard rock e o gospel, tudo junto e convivendo numa
incrível harmonia.
Num caso como este, todos nós
sabemos que apontar destaques é um problema muito sério, contudo, arrisco citar
as seguintes faixas: a balada “No Need to Have An Answer”, uma das melhores
composições da carreira de André; a contagiante “River”; e a cadenciada
“Fiction”, uma música no melhor estilo Frank Sinatra, que conta com um momento
raro, um dueto entre André e Sascha, que não se arriscava em algum tipo vocal
desde o fim de sua banda o Heaven’s Gate.
As orquestrações do álbum ficaram
a cargo não apenas de André, mas também de Miro Rodemberg, que conseguiu
mostrar um trabalho bem diferente do que até então tinha apresentado no Rhapsody.
E como se isto fosse pouco, o Virgo ainda conta
entre seus vários backing vocals com a atuação de uma certa cantora
norte-americana chamada Amanda Somerville, na época ainda totalmente
desconhecida do público, mas que pode ter sua voz facilmente reconhecida no
coro final da faixa “ I Want To You Know".
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Amanda Somerville |
Por isto e muito mais, o que
posso dizer é que este é um daqueles momentos raríssimos da história da música,
que extrapola os limites dos estilos, e de todo e qualquer tipo de rótulo,
tornando o Virgo um disco obrigatório para se ter em qualquer coleção,
independente se você gosta ou não de rock.
por José Carlos Sandor.
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