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6 de abril de 2013

Ой, То Не Вечер, То Не Вечер…

ARKONA - LEPTA

O Arkona é uma banda formada em Moscou, na Rússia, e é uma daquelas bandas fantásticas que pouca gente ouve falar e quase ninguém conhece, porém se tornou uma das mais promissoras bandas de Folk Metal (Música Folclórica + Heavy Metal) nos últimos anos.
A banda sempre manteve um estilo único e até original dentro do estilo que se encontra. A mistura de Metal Extremo (Death, Black, Thrash) com Power/Prog e elementos folclóricos fazem do Arkona uma banda fantástica, muito rica musicalmente, mas o grande diferencial da banda e que a torna única está na figura de sua vocalista e líder Maria Masha Scream. A brutalidade que Masha vocifera as letras (cantadas em russo, o que da ainda mais agressividade às composições) é de se espantar, e é de espantar mais ainda como toda essa brutalidade se transforma em cantos limpos e leves em questão de segundos, e é justamente esse balanço que a banda faz entre o Brutal e o Melódico que mais me chama a atenção desde o debut, o também maravilhoso “Vozrozhdeniye” (2004).



Muitos não sabem, mas o Arkona era apenas um projeto de Mascha, mas com a boa receptividade de “Vozrozhdeniye” os integrantes de sua outra banda, Bloody Mary, se tornaram integrantes fixos do Arkona, sendo eles: Sergei “Lazar” (guitarra), Ruslan "Kniaz" (baixo) e Vlad “Artist” (bateria), sendo os teclados e flautas comandados pela própria Masha.
Lepta (em russo: Лепта) é o segunda trabalho da banda e traz uma sonoridade parecida com a do debut, porém mostra claros sinais de uma evolução que se mostraria cada vez maior a cada álbum. As letras continuam sendo voltadas ao folclore eslavo e cantadas em russo.
O disco é bem forte, fato já visto na pesadíssima “Sotkany Veka” (Сотканы Века) que abre o disco. Masha está urrando como nunca nesse disco, sendo que na faixa já citada seu vocal limpo quase nem é percebido (e olha que é o refrão!).
Os blast beats de “Lepta O’ Gneve” (Лепта О Гневе) mostram uma Arkona muito mais pesado, extremo e brutal. Novamente os vocais poderosíssimos de Masha são o destaque, assim como a parte em que o acordeom (sintetizado, pois na época eles ainda não usavam instrumentos reais) sola em ritmos folclóricos, enriquecendo muito a música e não tirando nada de seu peso, assim como os riffs melódicos de guitarra e a parte sinfônica também não, ou seja, Masha é uma compositora de mão cheia!
A faixa “Chernye Debri Voiny” (Черные Дебри Войны) é dedicada à memória das vítimas de atos terroristas que ocorreram em território russo, e talvez por isso traga consigo uma carga emotiva mais forte, sendo a canção mais melancólica do disco. Seu ritmo arrastado e pesado lembram o Gothic Metal, assim como a parte do meio da música (a partir dos 1:40) onde os teclados ganham o papel central e lembram muito o Tristania.
“Zarnitsy Nashei Svobody” (Зарницы Нашей Свободы), uma de minhas preferidas! Traz como vocalista principal o russo Lesyar, que tem um vocal muito agressivo e dá uma nova cara para a canção. O solo é muito bem construído e chega a lembrar o Iron Maiden, mesmo sendo curto. O riff feito no teclado é muito melódico o que faz com que os vocais de Lesyar tenham um impacto muito forte! Ponto pra Masha... novamente (risos).



A quinta faixa, “Vyidu Ya Na Volushku” (Выйду Я На Волюшку), é a minha preferida deste disco. Sou fã declarado do Helloween, principalmente da “fase Kiske” (meu vocalista favorito) e essa faixa tem um riff quase idêntico ao de “Twilight of the Gods” (presente no álbum Keeper of the Seven Keys Part I). Não tem vocais extremos nela, e Masha dá um show cantando apenas com voz limpa! Voz essa que tem um timbre muito peculiar, o que deixa as coisas muito mais interessantes. A bateria é o grande destaque da música, trazendo ritmos diversificados e viradas sensacionais. As guitarras também mostram grande poder nas bases “cavalgadas” e pesadíssimas. Não sei se sou só eu que me empolgo tanto com essa música, mas é impossível ficar parado ouvindo-a, ou melhor, impossível não erguer o punho e entoar o coro de “RUKHU” ao final de cada refrão. Fantástica.
A introdução soturna de “Voin Pravdy” (Воин Правды) lembra muito o Gothic Metal novamente, porém logo o Black Metal sinfônico toma conta da música. O trabalho de guitarras mais evidente do disco faz dessa a faixa mais brutal, carregada de bumbos duplos na velocidade da luz, alguns ‘blast beats’ e poucas passagens folclóricas.
“Marena” (Марена)! Eis uma música que me agrada muito, principalmente por ser mais fácil para se “cantar junto” (risos). Seu ritmo cadenciado e pesadíssimo é empolgante e os mais eufóricos podem facilmente “embromar” algo até chegar no “Oh Marena” ao final de cada estrofe. A música é a mais diversificada do disco e dentro de seus quase oito minutos vemos uma chuva de riffs e melodias diferentes (só que eu contei já passaram de 10 riffs, isso porque eu cansei de contar), fato curioso, pois só o Mercyful Fate costumava colocar tantos riffs em uma mesma música. Definitivamente uma faixa fortíssima!
“Epilog” (Эпилог) é apenas uma introdução sinfônica bem soturna de pouco mais de um minuto, tendo as flautas um papel de grande destaque.
“Oi, To Ne Vecher, To Ne Vecher...” (Ой, То Не Вечер, То Не Вечер…) é a faixa mais épica do disco. Costuma fechar as apresentações do Arkona até os dias atuais, pois tem cara de hino de batalha, daqueles cantados ao fim de uma guerra sangrenta em celebração aos deuses eslavos ancestrais. As melodias são muito bonitas (embora pesaaaaadas) e Masha novamente nos brinda com sua elegantíssima voz limpa na totalidade da música. Encerramento fantástico... épico... perfeito!
Um disco poderoso, porém esquecido na discografia da banda, principalmente depois de Ot Serdtsa K Nebu (quarto álbum da banda e que a fez ‘estourar’ além das fronteiras russas), mas que sempre será lembrado por aqueles que, como eu, conheceram a banda por aqui e se apaixonaram pelo estilo único e peculiaríssimo do Arkona.

Curiosidades:

1- O nome Arkona faz referência à ultima cidade-castelo eslava, destruída em 1168 pelo cruzado Absalon e pelo imperador Valdemar, o Grande, da Dinamarca.

2- Todas as composições da banda são cantadas e batizadas em russo, sendo seus álbuns também nomeados nesta língua e com todas as escritas em alfabeto cirílico.

3- “Lepta” significa “Contribuição”.


Tracklist:
Faixas

01- Сотканы Века
02 - Лепта О Гневе
03 - Черные Дебри Войны
04 - Зарницы Нашей Свободы
05 - Выйду Я На Волюшку
06 - Воин Правды
07 - Марена
08 - Эпилог
09 - Ой, То Не Вечер, То Не Вечер…

Transliteração

01 - Sotkany Veka
02 - Lepta O Gneve
03 - Chernye Debri Vojny
04 - Zarnicy Nashej Svobody
05 - Vyjdu Ja Na Voljushku
06 - Voin Pravdy
07 - Marena
08 - Epilogue
09 - Oi, To Ne Vecher, To Ne Vecher…

Integrantes:

Masha "Scream" - vocal, teclado e flautas
Sergei "Lazar" - guitarra
Ruslan "Kniaz" - baixo
Vlad "Artist" - bateria
Lesyar - vocal na faixa 4


POR: LEO PERONI

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