Em meu último post, narrei como se deu o começo da saga do Yamato. E
como a ideia de Yoshinobu Nishizasaki foi transposta para a telinha.
Só que como havia
dito, as coisas não foram assim tão fáceis...
Pesquisas de
satisfação eram feitas com o público alvo, pela rede de tevê que veiculava a
animação, e todas estas pesquisas apontavam para um baixíssimo índice de
aceitação das aventuras da tripulação do Yamato. É bom lembrar que na época
(1978), a medição eletrônica de audiência era algo que estava engatinhando,
mesmo no Japão, sendo assim tais pesquisas eram fundamentais para as emissoras
saberem o que fazer com sua programação.
Pois bem, diante
do altíssimo índice de rejeição veio a ordem para que a saga deixasse de ser
exibida. E sendo assim houve a “matança de todo o elenco” no longa Adeus
Yamato, que contava a mesma estória do Cometa Império, que tão bem conhecemos
aqui no Brasil.
Zordar, líder do Cometa Império, em embate de palavras com a tripulação do Yamato. |
O longa, porém,
gerou uma grande comoção, algo nunca visto antes, e a rede de tevê, assim como
a produtora do desenho foram bombardeadas por cartas, telegramas e telefonemas,
e foi aí que todos se deram conta de que suas preciosas pesquisas estavam sendo
feitas com o público errado, ou seja crianças, pois o desenho na verdade estava
atingido um público bem diferente, composto em sua maioria por adolescentes e
adultos.
O plano de
Nishizaki tinha dado certo e sua ideia de fato tinha rompido barreiras.
Agora era
arregaçar as mangas (eu disse mangas e não mangás), e partir para novas
aventuras, e foi com este espírito que foi feito as pressas mais um longa.
Em “Yamato - A
Nova Viagem”, a saga começa a tomar novos contornos, pois é neste longa que
temos pela primeira vez Deslock, o antigo inimigo, combatendo ao lado da
tripulação do Yamato um inimigo em comum, o Império Golba, que invade o que
tinha restado de Gamillon para minerar elementos necessários para a propulsão
de suas naves, e ameaçando Stasha, a salvadora da Terra da primeira série de
tevê, que morava em Scandar, planeta irmão de Gamilon, junto com Alex Wildstar
(Mamoru Kodai no original) e sua filha Sasha. Também é neste longa que o
público é apresentado a um novo tema musical, feito especialmente para os caças
Tigres Negros.
Yamato - A Nova Viagem |
Mas a história da
luta contra os Golbas não terminaria aí, e para a Patrulha Estelar estava
guardado aquele que talvez tenha sido seu maior triunfo fora das telas. O ano
era 1980, e para manter a série em alta, foi realizado mais um longa-metragem,
desta vez feito diretamente para o cinema. Em “Para Sempre Yamato”, o Império
Golba, cheio de ódio no coração, após a derrota sofrida em Scandar, invade a
Terra, e em pouco tempo toma conta do planeta, e lógico cabe ao Yamato e seus
tripulantes salvarem a humanidade mais uma vez, e sem Deslock, que não dá as
caras neste longa.
Só que o grande
feito de “Para Sempre Yamato” ocorreu fora das quatro linhas de uma folha de
papel, pois foi este longa-metragem que marcou uma outra virada na história da
animação nipônica, por ter conseguido ser a maior bilheteria daquele ano na
terra do sol nascente, vencendo com grande vantagem o segundo colocado, que era
nada mais, nada menos, que o todo-poderoso “O Império Contra-Ataca” da franquia
Star Wars.
Cheios de moral,
os produtores e todos os demais envolvidos, se voltaram novamente para uma nova
série de tevê, uma nova novelinha, e eis que em 1981 chega a terceira série,
conhecida aqui por nós brazucas como “A Crise do Sol”, na qual um
míssil-destruidor-de planetas de Galman-Gamilon, o novo império de Deslock, sai
do curso após uma batalha contra a Federação Polar do Primeiro Ministro
Ben-Lazi, indo atingir justamente nosso sol, que entra então num processo de
supernova. O único problema que não se esperava, fosse que alguns dos
investidores, tirassem parte do dinheiro que seria colocado na série, que teve
de ser encurtada para apenas 26 episódios, quando os planos originais previam
cerca de 47. E a parte musical ainda contou com o acréscimo de mais duas outras
canções.
Ainda assim, a
aceitação do público a mais esta aventura foi excelente, e foi nesta época que
a animação passou a alçar voos para além das fronteiras do arquipélago japonês,
sendo exibidas nas tevês de diversos outros países, inclusive os Estados
Unidos.
Aqui vale
comentar alguns pontos.
O primeiro e mais obvio é a mudança dos nomes dos
personagens, que foram “ocidentalizados”.
E o segundo e talvez mais polêmico, foi a mudança
do nome da nave de Yamato para Argo. Algo que faz muito fã de anime torcer o
nariz até hoje, mas que tem de se admitir os norte-americanos souberam
contornar com muita, digamos, malandragem. Pois apesar do corte do prologo da
primeira série, que mostrava os últimos momentos do encouraçado Yamato na
Segunda Guerra, o navio ao contrário do que muitos pensam chega a ser citado
como Yamato nos dois primeiros episódios, sendo que uma mexida no texto,
juntamente com uma boa dublagem, resolveram por assim dizer as coisas no fim
deste segundo episodio, quando o Capitão Avatar (Okita no original) diante de
sua tripulação declara que a nave seria rebatizada para Argo, em homenagem aos
argonautas da mitologia grega. Contudo, este foi um detalhe que passou batido
pela dublagem brasileira, que acabou desde o princípio chamando a nave pelo
nome dado pelos norte-americanos.
Polêmicas a parte, a série em seus bastidores,
ainda que mega bem sucedida, começava a dar sinais de desgastes em alguns de
sues realizadores, e em 1983, é feito aquele que seria por muitos anos o
capítulo final da saga da Patrulha Estelar.
Em “Final Yamato”, o título original até mesmo no
Japão, já evidenciando a importância que o mercado externo já tinha, os membros
da Patrulha Estelar tem de enfrentar o Império Dinguil, que logo no começo do
longa de cerca de três horas de duração, devasta Galman-Gamilon, ao sair do
hiper-espaço com sua mega-fortaleza trazendo a reboque o planeta Aquarius todo
composto por água, e que inunda por completo o lar de Deslock que é dado como
morto, e que se volta para a Terra a fim de conquista-la. O longa também é
marcado pela “ressurreição” do Capitão Avatar, dado como falecido devido a
radição, desde a primeira série de tevê. E teve um dos trabalhos de arte mais
esmerados que vi numa animação até mesmo para os padrões cinematográficos mais
exigentes de nossos dias.
Final Yamato |
Após várias batalhas, entre elas uma antológica
sequencia de faroeste no espaço, com a utilização pelos dinguils de
cavalos-robôs, ideia esta que seria utilizada anos depois no desenho Galaxy
Rangers. O Yamato a beira da destruição certa aguarda pelo ataque final de seus
inimigos, quando do nada surge Deslock, que ataca os dinguils, mais uma vez
reforçando a teoria de que os gamilons foram pensados baseados nos
norte-americanos, ou seja, o antigo inimigo que se torna um valioso aliado.
Contudo, mesmo após a vitória sobre o Império Dinguil, a Terra não estava
salva, pois Aquarius vinha em rota de colisão com nosso planeta.
E qual foi a solução?
Explodir o Yamato, usando para isto a arma de
movimento de ondas, que retirava energia direto do motor, que teve sua boca
tampada, e que ao ser acionada, criou uma onde de choque que conteve as águas
de Aquarius, que se transformaram num grande asteroide de gelo, e sepulcro para
o todo poderoso Yamato.
O Yamato naquele que seria seu sacrifício final. |
Mas se você acha que a saga termina aqui, está
muito enganado. No próximo capítulo vou contar sobre a chegada da série ao
nosso país, os vários boatos que ocorreram sobre ela durante os anos, as brigas
nos tribunais entre seus criadores, e seu ressurgimento nos anos 2000. Até lá!
por José Carlos Sandor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário