Olá
gente!
No post anterior, contei como a saga
da Patrulha Estelar começou a voar para além do arquipélago japonês.
Voos estes que a trouxeram até um
certo país da América do Sul chamado Brasil.
O ano era 1983. E enquanto no Japão
a saga se encerrava com o longa “Final Yamato”, aqui a recém-inaugurada Rede
Manchete inundava a tela da tevê com uma verdadeira enxurrada de novas
animações, e entre elas a saga da Patrulha Estelar.
Patrulha Estelar / Star Blazers / Uchü Senkan Yamato, vários nomes e o mesmo sucesso |
Lembro-me como se fosse hoje, quando
um amigo me falou sobre o tal desenho, e devo confessar que não dei muita
importância para aquilo naquele primeiro momento, até por que não conseguia
assistir Patrulha Estelar nesta época, pura e simplesmente, pois só havia uma
tevê em casa nesta época, e a Rede Manchete o transmitia justamente na hora em
que minha avó religiosamente sentava para ver todas as novelas existentes,
problema, creio eu, que muitos enfrentavam também na época.
Brincadeiras e lembranças à parte, a
verdade era que seja por imposição da censura (ainda era a época da ditadura
militar), ou seja, por já saberem da história do anime no exterior, sua
exibição era feita em torno das 19hs. Horário este que passou a ser ainda mais
tarde, por volta das 19:40hs quando os índices de audiência começaram a subir,
e Patrulha Estelar foi se tornando uma espécie de “novela de quem não gostava
de novela”, fazendo até mesmo o todo-poderoso e indelével “Jornal Nacional” se
ver forçado a adiar seu início devido aos altos índices de audiência das
aventuras da tripulação do Yamato.
Aventuras estas que no começo só
eram transmitidas para o estado do Rio de Janeiro, o que criou uma grande
confusão na cabeça dos fãs, pois a primeira série de tevê, “Busca Por
Iscandar”, seja lá por qual motivo, só foi transmitida nesta época, fazendo os
fãs do restante do país ficarem restritos ao “Cometa Império” e “A Crise do
Sol”, e criando a já citada confusão, na qual muita gente de pé junto dizia ter
assistido o começo de tudo, enquanto outros diziam justamente o contrário. Além
disto, houve o fato das duas primeiras séries terem sido trazidas através do
distribuidor norte-americano, o que lógico gerou aqueles “probleminhas” com
nomes que tão bem conhecemos.
Patrulha Estelar 2 - O Cometa Império, a série que conquistou o Brasil. |
Mas trocas de nomes a parte, a
grande verdade é que Yamato repetiu aqui no Brasil o mesmo sucesso que alcançou
em outras partes do mundo, e mais uma vez provando que a ideia de Nishizaki em
se dar um passo a frente na visão que se tinha sobre desenhos animados estava
correta. Tendo a nata da dublagem de nosso país, que teve de se desdobrar para
dar conta do enredo, se manteve em transmissão continua até março de 1987,
apenas trocando de horário quando dava na cabeça dos programadores, mas nesta
época já sendo veiculada como uma atração à parte, e não mais atrelada a algum
programa infantil.
E se existe algo que se possa
criticar desta época em minha opinião foi a falta de visão, até mesmo
comercial, de seus exibidores que em momento algum sequer cogitaram de trazer
seus longas-metragens para exibição aqui para nós. Isto sem falar no grande
enigma dos originais perdidos, já que com o fim da Rede Manchete ninguém sabe
onde foram parar os “originais” com a nossa dublagem. Reza uma lenda urbana de
que tais originais teriam ficado de posse da Herbert Richers, o estúdio responsável
pela dublagem, mas isto nunca foi realmente confirmado.
Pois bem, os anos se passam e
chegamos então aos anos 90. Época que a chegada de informações aqui para nós,
começou a se tornar um pouco mais confiável, e na qual muitos de nós passaram
ter o conhecimento real da importância que Yamato tinha no restante do mundo,
mas também nos víamos a volta com os mais variados boatos.
Yamato 2520, a ideia que não deu muito certo. |
Primeiro os fatos. No fim de 1994
é anunciada por parte de Yoshinobu Nishizaki uma nova aventura feita direta
para o mercado de vídeo. Era Yamato 2520, a tentativa de
voltar a ativa. Só que ideia não foi assim tão bem recebida pelo público que
queria a sequência das aventuras da tripulação original, e não aquele novo
universo, centenas de anos depois sem a menor ligação com a saga original. E como
se isto não bastasse, Nishizaki foi processado por Leiji Matsumoto, por
violação de direitos autorais dando início a uma nova saga de quase vinte anos,
só que de lutas nos tribunais. Sendo que em última análise, Yamato 2520 foi
deixado inacabado depois que apenas três episódios foram liberados.
Nishizaki (acima) e Matsumoto, disputa nos tribunais |
Foi também nesta época que começaram
a surgir os primeiros boatos sobre a realização de um filme live aciton, sendo que estes variavam
desde a compra pelos estúdios Disney sobre os direitos do anime (diziam até que
a estória seria recriada usando o cruzador USS Arizona, afundado pelos
japoneses também na 2ª Grande Guerra). Até aquela que diz que tal versão, na
verdade, seria um projeto pessoal do diretor Roland Emerich (Soldado Universal/
Independence Day). Algo que pessoalmente sempre acreditei, pois a influência de
Yamato em Independece Day é algo gritante, inclusive no design dos caças dos alienígenas, que são extremamente semelhantes
aos caças do Império Golba de “Yamato – A Nova Viagem”.
Indepence Day, influências claras de Yamato, tanto no design, quanto no enredo. |
Mas ao que parece a briga entre
Nishizaki e Matsumoto acabou enterrando os sonhos do diretor, e por um longo
tempo os de todos nós também.
Sonhos estes que só retornariam por
volta de 2009, quando as batalhas nos tribunais se encerraram com a vitória de
Nishizaki, e foi então anunciado a retomada da saga, e do jeito que os fãs
sonhavam, ou seja, com a tripulação original, ou pelo menos aqueles
sobreviveram.
Mas como ainda há muito que ser
dito, acho melhor dar um tempo por aqui, e deixar para o próximo e derradeiro post o
retorno triunfal do Yamato, o tão aguardado live
action e o incrível legado que foi deixado por esta inesquecível saga.
Até lá!
Por José
Carlos Sandor.
Show! Bela postagem amigo.
ResponderExcluirObrigado amigo!
ExcluirÓtimo texto!
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